#a_espera
Autora:
Adriana Lisboa*
à espera
não de que o mundo venha
necessariamente
a fazer sentido
para além do sentido
de estar nele
(para além de senti-lo)
à espera
de que nada
aconteça de que esse excesso
de fala de falo de pose de estilo
de álcool de asco de conversa
fiada
já não valha nem a pena
de um poema
à espera
de que nada
venha a nos abonar
e redimir e de que o mundo (o sentido
de estar nele) se resuma
a devolver com zelo
o olhar líquido
e impenetrável de um cão
* Escritora independente, Brasil.